sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Rápidas e simples considerações

Uma tentativa de definir coisas sem definição
Hmmm, na altura em que escrevi isto, deixei-me divagar... Não tinha nenhum tema em particular que desejasse desenvolver, queria apenas expressar o que me ia na mente, quer fizesse sentido ou não. Tenho plena consciência que este "pequeno" texto que terão a oportunidade de ler tem inúmeros pontos a desenvolver, mas não estou ainda com "cabeça" ou tempo para escrever durante anos e anos, na tentativa de um desenvolvimento básico dos mais variados aspectos referidos.

Na tentativa de expôr um pensamento em particular, a única conclusão a que chego é que, para mim, é simplesmente impossível. As linhas de raciocínio estão todas interligadas, não há qualquer separação possível e, se tentar isolar uma, cedo me apercebo que esta se deturpou, transfigurou e deixou de representar aquela específica realidade. Assim sendo, enquanto tento expressar um singular pensamento, todos os outros atrás virão. Tarefa complicada, mas farei o que estiver ao meu alcance para não divagar em demasia...

Esta realidade, este universo, esta vida, chamemos-lhe o que preferirmos, será algo palpável... Real? Será talvez algo fictício, ilusório, ideal? Porque não ambos? Somos seres pequenos, tão pequenos que temos que dividir todos os temas, compartimentar todos os assuntos, definir todos os conceitos na tentativa de trazermos alguma espécie de significado à nossa existência, um propósito, um conhecimento mais profundo do que nos move e a todas as coisas. Porquê? Constantemente a cismar nas nossas vidas, não poderíamos apenas vivê-las? Será que as vivemos mesmo?
Seremos protagonistas de uma história ou apenas figurantes? Seremos os autores? Os livros onde as histórias são escritas? Talvez a tinta... Talvez as folhas que, todas juntas, formam um livro. Seremos isto tudo? Criador e criação de nós mesmos, será tal possível? Não consigo sequer aproximar-me de uma resposta concreta, se tais questões me fossem colocadas no dia-a-dia nada mais poderia responder do que “Somos tudo e nada, simultaneamente e separadamente”. Ambíguo, sim, mas ainda assim o mais global que consigo imaginar. Enquanto vivo (viverei mesmo?), penso nestes assuntos e, embora não chegue a quaisquer conclusões, pois tal estará certamente velado de tudo excepto uma entidade maior, encontro uma certa medida de compreensão. Dessa compreensão retiro a minha medida de felicidade e propósito. Nunca entenderei a vida, nunca conseguirei produzir nada que ajude gerações futuras a entendê-la, mas de alguma forma sinto que a entendo e vivencio... Certamente, uma ilusão. Mas essa ilusão é-me muito real, como é para todos. Nessa ilusão, baseamos as nossas vidas. Escavamos as fundações, erigimos os pilares e tentamos construir algo a que, na globalidade, chamamos existência.
Quão pequenos somos, não haja dúvida.

Farei de seguida aquilo com que não concordo (e, no entanto, não posso deixar de fazer), farei uma assunção e por ela me hei-de reger, ainda que apenas temporariamente.
Existimos. Existe uma Realidade.
Tomando esta tenebrosa e possível, se não mesmo provável, falácia como cânone da minha seguinte linha de raciocínio, tentarei ainda assim ser tão objectivo (e ambíguo) quanto humanamente possível. Enquanto vivo, passo constantemente por dois estados: acordado e o seu oposto (poderia ainda referir um terceiro, num plano de existência diferente... Talvez uma mistura de ambos, uma presença física na esfera ideal e o seu oposto, mas não o farei). Enquanto acordado, considero-me racional e irracional, considero-me consciente, embora até que ponto não saiba dizer, e considero que tudo influencia tudo e do caos nasce uma entropia sem a qual o tecido da realidade não poderia ser fabricado, considero-me “sensível” acima de tudo. Enquanto adormecido, exactamente os mesmos aspectos refiro, com a simples, e, no entanto, titânica, diferença de substituir a “consciência” por um “estado inconsciente e subconsciente” e considerar-me menos sensível e mais “ideal”. Apercebo-me dessa distinção, a minha mente refere-a e toma-a como uma qualquer divisão ou barreira entre os dois estados. Porque razão estou então também “consciente” que os estados de consciência estão sempre presentes (quer no estado acordado, quer no adormecido)? Enquanto acordado, sinto muitas vezes que não experimento mais do que a vivência de um sonho. E enquanto adormecido, o oposto. Por vezes, sinto também que acordado vivo acordado e adormecido vivo adormecido. Será que essa aparente distinção é real?
Não sei responder, não procuro sequer respondê-lo, pois qualquer resposta dada a estas perguntas não passa de uma tentativa de englobar certos aspectos numa visão real da vida. Nem sabemos até que ponto é isto real, o cânone pelo qual me tento reger não tem força suficiente para afastar a dúvida e o conflito interno e externo da existência ou ilusão da realidade.


Mais uma vez, pelo cânone de existência, pego noutro assunto e sobre ele me debruço por uns momentos...
Esfera “ideal” e esfera “sensível”. Uma suposta separação entre ilusão e “realidade”, ainda que ambas existentes, logo, pelos anteriores princípios referidos, reais. Na primeira temos um mundo “real”, pleno de conceitos, significados, propósitos, certezas... Um mundo inatingível, ilusório à sua maneira. Na segunda temos um mundo “ilusório”, pleno de subjectividade, engano, falha e erro, falsidade e, no entanto, algo que nos parece tão mais real que a primeira esfera.
Dada esta mais que óbvia ambiguidade e contradição, até que ponto seria justo dizer que existe uma separação? Que há, de facto, duas esferas (ou mais)? Porque não apenas uma? Mais uma vez, de tão pequenos que somos, tentamos definir as coisas roubando-lhe a sua unicidade e aspecto global/universal.

Poderia dizer que a minha mente satura-se e cansa-se de tais questões, mas isso seria mentira, pois por alguma razão estes assuntos estão sempre presentes e minam (aparentemente), sem qualquer remorso ou consideração, o meu conceito e experiência de sanidade. Serei porventura louco e não o saberei. Seremos talvez todos e nenhum o saiba plenamente.
Apercebo-me do ridículo das minhas acções e pensamentos, da minha tentativa de os expressar. Apercebo-me da sua importância crítica e universal, da construção de um tecido de existência de realidade, tanto sensível quanto ideal.
Apercebo-me como tentar produzir um texto destes é, simultaneamente, fútil e pleno de significado. Talvez devesse deixar estas questões fechadas na minha para serem evocadas em alturas particulares, mas não o farei. Talvez devesse expô-las constantemente, sem consideração pelo momento e situação, mas também não o farei. Lidarei com esta questão da mesma forma que lidei e lido com todas as outras. Com uma objectivade subjectiva, uma subjectividade objectiva, e uma ambiguidade certa (acrescentaria também uma certeza ambígua, para manter o equilíbrio... Se é que tal existe).

Estarei agora acordado ou adormecido?
Escrevi alguma coisa? Nada? A realidade?
Serei eu objectivo? Subjectivo? Ambos? Nenhum?
Serei eu algo? Talvez tudo... Talvez nada...

Sou e não sou, existo e não existo.

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