domingo, 21 de novembro de 2010

O "porquê" das "coisas"

Vivemos os nossos dias conscientes de duas coisas:

1) Somos animais;
2) Somos racionais.

Premissas simples e aceites por todos, correcto? Bem, eu tenho umas certas dúvidas quanto à nossa racionalidade.

Dizemo-nos seres racionais, embora cometemos, constantemente, actos irracionais. Se fôssemos seres apenas pensantes, nem poderíamos existir, pois todo o nosso sistema age por reflexo e nada mais fazemos que reagir a estímulos. Ainda assim, aceito uma certa medida de racionalidade e digo que, pelo menos, “tentamos” ser racionais.

Mas esta racionalidade é também um obstáculo à verdade, a meu ver, e dir-me-ão se concordam ou não. “Truth suffers from too much analysis”. Aí está uma mui interessante frase do falecido autor Frank Herbert, traduzida: A verdade sofre por demasiada análise.
Uma frase simples que nos parece indicar, de alguma forma, que questionar algo nos poderá afastar da verdade de algo. Esta ideia parece-nos ridícula, por mais vezes que a lemos... Não para mim, poderá parecer tal aos outros, mas não a mim. Prossigo.

Todos temos a ideia de liberdade ou, pelo menos, livre arbítrio. E associamos a essa ideia a de escolha. Como seres racionais, achamo-nos capazes de fazer escolhas racionais. Pois eu venho transmitir-vos que não acredito na existência de escolhas racionais ^^ Eu acredito sim em justificações racionais de escolhas...

Quando dizemos ou fazemos algo, a primeira coisa que fazemos é justificar-nos perante nós ou os outros: “Eu fiz porque; pela razão; gostei; não gostava; quero; desejo; reagi; etc.”, tudo isto para nos afastarmos da tenebrosa verdade que é a de que somos, pensamos, agimos e sentimos “porque sim” e “porque não”.

Claro que esta ideia é mal recebida, nem espero o contrário... Somos seres pensantes e racionais! A minha escolha é racionalizada, faz sentido! Eu não ajo como um “louco”, eu sou mais que uma besta... Loucura...
E, no entanto, questionamos os outros quanto às suas escolhas e, para lá das justificações dadas, a única coisas que nos interessa foi o que foi “pensado, dito, feito”.
Pensamos desta forma quanto aos outros, recusamo-nos a fazê-lo quanto ao nosso próprio comportamento. Quem teria a coragem de admitir agir de determinada maneira apenas porque... Porque sim? Porque não? Porque.
Eu faço-o, como já notaram muitos em muitas ocasiões. Eu não vivo na ilusão de ser plenamente racional.

Eu amo, porque razão? Porque me dá prazer, porque dou prazer, porque me dá felicidade, porque dou felicidade, porque existe reciprocidade (nem creio que seja necessário, mas isso já vocês sabem ^^), porque ela age “assim”, porque ela fala “assim”, porque ela se expressa “assim”, porque ela fez “isto”, porque, porque, porque, porque, porque... Desculpas, justificações, tentativas de razões e racionalizações. Eu amo, porque sim. Eu dou, porque sim. Eu sinto, porque sim. E ninguém nunca me convencerá do contrário...

Gostaram do que leram?

Se sim, porquê?
Se não, porquê?

Porquê o "porquê"?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Podem comentar à vontade, peço apenas que mantenham o respeito pelos utilizadores deste blog. A boa educação é uma coisa maravilhosa!