quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Controlo - uma abordagem por várias perspectivas e sub-temas

Formas de controlo, qualidade do ser social e "personalidade" versus "mente" e abordagem da eticidade versus moralidade

Controlo, aquilo que, supostamente, nos separa dos animais ditos irracionais... Não tanto a ausência de instinto, mas a forma como o "prendemos" e submetemos à nossa vontade.
Seria de esperar que este controlo viesse do interior, correcto? A tal poderíamos chamar auto-controlo e, creio, é exercido cada vez menos desse controlo interior, à medida que o controlo exterior cresce.
Estudos têm vindo a demonstrar que a capacidade de auto-controlo tem uma correlação mais forte com a probabilidade de "sucesso" de um indivíduo, na sociedade, que, por exemplo, o QI.
Isto levanta a problemática da tentativa de submissão da mente a si mesma e, talvez para se facilitar a distinção, se devesse associar aspectos "meramente" cognitivos à "mente" e aspectos "não-cognitivos", mas ainda assim mentais, claro, à "personalidade".

Surgem então dois grandes temas, cuja relação é um pouco mais complexa do que uma abordagem primária apontaria:
1) a capacidade de racionalização (ligada ao controlo; não confundir com raciocínio) é mais relevante para o desenvolvimento e contribuição do ser social, que, por exemplo, a "qualidade" ou capacidade de lógica/raciocínio;
2) a provável proximidade entre controlo e eticidade (forma de controlo interior) tem maior impacto na "qualidade" do ser social que a proximidade aparente e "comum" entre controlo e moralidade/legalidade (formas de controlo exterior).

Apesar de distinguir e identificar dois temas, não nos podemos esquecer que um não pode ser sem o outro. Posso não conseguir explicitar a relação, mas reconheço a sua existência.

Aspectos como a calma e serenidade, associados à "personalidade", ligada por sua vez ao auto-controlo, entram em conflito com aspectos cognitivos da "mente", como o interesse, pensamento complexo, raciocínio, o que "evolui" para uma forma mais profunda de conflito interior despoletado pelo "quero, mas não faço". Há uma, mais que óbvia, perda e quebra de estabilidade dos processos mentais do indivíduo que, dado tal conflito, se deveria revelar numa expressão de oposição do ser a si mesmo. No entanto, tal não chega a ocorrer e aquilo que, inicialmente, parecia ser um conflito, demonstra-se como uma espécie de acordo subentendido, repleto de "avanços e recuos", em que o controlo interior é complementado pelo exterior.

Pelas ideias anteriormente apresentadas, cometo uma pequena ousadia e afirmo que a eticidade de um indivíduo define a qualidade e capacidade de inserção do mesmo, na sociedade, aumentando a sua contribuição e "produtividade social". Isto vai, claramente, contra a ideia, a que somos expostos desde a nascença, que as formas de controlo exterior são as que definem a posição e função de um indivíduo na sociedade.

O controlo, mais especificamente o auto-controlo, é uma ambiguidade. Pode ser visto como uma obstáculos à realização do ser, embora seja, simultaneamente, uma racionalização dos pensamentos e instintos e acrescente a necessária medida do "eu-oposto" que define, em grande parte, a nossa acção, o que leva, inevitavelmente, à profunda, verdadeira e "correcta" realização do ser (pensante). 

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