terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um pequeno poema

A duas incríveis pessoas é este poema dedicado: fenomenal e bela Jessica, pelo amor incondicional e apoio; extraordinária e serena Paula, pela inspiração pessoana e um despertar impossível de expressar... Agradeço-vos do fundo do coração, do cerne da alma.

Chego a casa, cansado,
Prossegue o dia e fenece,
Segue a existência, o fado,
Quebra-se a luz e anoitece...

Caminho pelo sonho,
Procuro o vívido amor.
Aqui jaz, belo e risonho,
Sem lugar p’ra morte e dor.

“Amo-te”, eterno redizer...
Procurei uma alma nua,
Mas, só me daria prazer,
Poder juntar a minha à tua...

“Amo-te”, tão simplesmente.
Quero e dar-te-ei tudo,
Incondicionalmente,
Sou teu, puro e desnudo...

Realidade que atinge,
Tão violento despertar,
Ilusão que não se finge,
Prefiro, desperto, amar!

Espero que tenham gostado, estou algo desabituado de escrever poesia com métrica e rima, mas pode ser que volte a adicionar semelhantes, futuramente ;)

Evolução da Comunicação e a morte do contacto físico


Nesta era, nesta etapa da Humanidade, temos vindo a assistir a um desenvolvimento tecnológico exponencial, sem precedentes. Focar-me-ei no desenvolvimento da Comunicaçãp e nos impactos que tal poderá trazer (e, em muitos casos já trouxe) para a generalidade dos indivíduos.

A evolução da Comunicação é algo notável, sem sombra de dúvidas. A facilidade de acesso à mais variada informação e a possibilidade de comunicar com indivíduos, em qualquer ponto do globo, são apenas duas das grandes contribuições deste “boom” tecnológico. Mas, não posso deixar de pensar, serão estes aspectos apenas benéficos? Até há um par de centenas de anos, a falta de informação era preocupante e impedia os indivíduos de começar a conhecer e compreender o Mundo, mas, desde então, começou a assistir-se a um fenómeno contrário: o início da globalização e excesso de informação.

Este excesso de informação é preocupante por várias razões, sendo a mais importante a falta de controlo. O aparecimento de informação falsa e a proliferação de informação “irrelevante” pode não impedir o indivíduo de conhecer o Mundo, mas impede-o de o ver como é. É a alegoria da caverna moderna...

A exposição a informação chocante, imagens explícitas e temas preocupantes começa por criar um certo fascínio que, rapidamente, tende para a indiferença. Coisa terrível a indiferença! Antes ver o Mundo povoado apenas por ódio e malícia, que um Mundo completamente individualista e desinteressado por tudo, incluindo, eventualmente, o próprio.
Esta indiferença é o princípio da morte moral, da morte do ser social... Engraçado que, apesar de eu ser contra a moralidade e ser algo indiferente ao comportamento social, pela realização de que são coisas corruptas e eticamente incorrectas, reajo quase com horror abjeto perante a possibilidade da morte de ambos, sem extraordinárias bases éticas que sustentem o Homem.

Um tema tétrico, deveras preocupante. Mas, talvez eu me preocupe demasiado... No fim de contas, não estarei cá para assistir ao fim da humanidade. Tais problemas não me voltarão a atormentar...

Ah, como eu quase desejava que assim fosse, mas o coração verte perante a visão de um futuro sem o Homem... E, quando digo Homem, falo do Homem ético, uno com o Universo, não o Homem que hoje conhecemos e que parece degenerar continuamente :(

Mudando ligeiramente a abordagem ao tema, irei agora expressar o meu descontentamento perante outra característica da evolução da Comunicação:
Se, por um lado, temos maior facilidade de contacto com pessoas do Mundo inteiro, por outro parecemos ter uma tendência, cada vez maior, a tornarmo-nos isolados e destituídos de qualquer contacto físico. Irónico eu estar a escrever sobre este tema no blog, talvez? Nem por isso, di-lo-ia com a mesma facilidade e com o mesmo empenho frente a uma audiência, não me incomoda minimamente ;)

Esta falta de contacto físico parece-me tão... Pouco natural. Claramente, esta questão é muito influenciada pela cultura em que um indivíduo se insere, mas, ainda assim, acho estranho que o comportamento instintivo de tocar o próximo esteja de tal forma reprimido que, para todos os efeitos, começa a ocorrer o oposto e afastamo-nos dos outros. Isto é deveras preocupante. Sem contacto com o “outro”, o “eu” tem dificuldade em definir-se, falta a diferenciação... E o contacto físico não pode, nem deve, ser ignorado.

O Homem é corpo, mente e alma. Embora seja feita uma compartimentação e, geralmente, não seja visto como um todo, a verdade é que estes três “pilares” são indissociáveis!

Quando foi a última vez que procurarem esse toque, em vez de se esconderem por trás dos ecrãs de computador? MSN, Skype, Blogger e muitos outros... Escondidos por trás dos telemóveis, chamadas, sms e mms... Deverei continuar? Vejo, constantemente, frases como “Um dia combinamos qualquer coisa” ou “Temos que nos voltar a encontrar, tenho saudades” atiradas de um lado para o outro e... Nada...
Não vos incomoda? Eu sinto-me profundamente incomodado por tal... Não sei se será apenas o lento e inescapável alastrar do cinismo e hipocrisia pela sociedade ou se, pior que isso, as pessoas já não se importam e mantêm esta fachada social por força do hábito.

Algo tem de ser feito quanto a esta situação, se é que desejamos salvar a nossa humanidade, a nossa condição humana... Perguntem-se, sinceramente, desejam-no?
Não respondam levianamente, não dou qualquer valor a semelhantes respostas. Perguntem-se todos os dias, em todas as situações, quando surge a oportunidade de se aproximarem ao próximo, partilhar alguma felicidade, sentir algum toque físico, etc., perguntem-se nessa altura...

O Homem está a morrer, esteve sempre e estará, pelo menos, por mais algum tempo... E não me refiro ao corpo e à mente.

Ah, como eu desejo o toque, dá-lo e recebê-lo, incondicionalmente...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Nem às Paredes Confesso

Lamento não poder disponibilizar o vídeo, é extraordinariamente difícil de encontrar. Mas, deixo o link para a música.


Um excelente fado pelo fenomenal, falecido, Tristão da Silva... Um dos meus fadistas preferidos, presto-lhe então uma pequena homenagem...

Quanto à letra, hmmm, diria que não sairiam tais palavras da minha boca, mas imagino-as a serem-me cantadas, haha ;) Não, no fim de contas, nem tal imagino... Acredito na sinceridade e honestidade e sei que tal ser-me-ia dado de volta, não tenho a mais pequena dúvida. Sou, talvez, um "hopeless romantic" e... Adoro!

"Não queiras gostar de mim
Sem que eu te peça,
Nem me dês nada que ao fim
Eu não mereça
Vê se me deitas depois
Culpas no rosto
Eu sou sincero
Porque não quero
Dar-te um desgosto

De quem eu gosto
nem às paredes confesso
E nem aposto
Que não gosto de ninguém
Podes rogar
Podes chorar
Podes sorrir também
De quem eu gosto
Nem às paredes confesso.


Quem sabe se te esqueci
Ou se te quero
Quem sabe até se é por ti
que eu tanto espero.
Se gosto ou não afinal
Isso é comigo,
Mesmo que penses
Que me convences
Nada te digo."

Não é que não seja capaz de "publicitar" trabalhos, textos, etc., de outros autores, mas prefiro publicar as "minhas" pequenas obras... Por isso, tomem em conta a homenagem realmente prestada, é-me sentida.

Objectivos, limites

O ser social, o indivíduo dito funcional, traça objectivos. Esses objectivos são, essencialmente, limites e para não perder o seu propósito, o indivíduo deve traçar novos objectivos quando alcança os anteriores (o que não o faz, torna-se obsoleto e é eliminado das mais diversas e imaginativas formas). Estes limites estender-se-iam então para o infinito e seriam a representação do infinito "real", que já tive a oportunidade de desenvolver no texto “Um breve “debruçar” sobre o Infinito”.
Há apenas um senão, o indivíduo é efémero, finito, logo haverá sempre um objectivo por cumprir, um limite que não foi expandido. O corpo e a mente perecem, os limites da vida alcançam o indivíduo.

Apresento-vos então um novo indivíduo, esse indivíduo sente, pensa, diz e age de uma forma discordante das normas sociais. Não traça objectivos! Loucura...

Engraçado que, no entanto, ao não traçar objectivos, não auto-impõe limites.

Esta realidade já nos coloca limites que chegue e o Homem, ser pequeno e tolo, acrescenta mais uns quantos, como se a dificuldade desta existência não fosse já suficiente. Não, temos que acrescentar à dificuldade da existência a dificuldade da vida...



Procuro aproximar-me desse “estranho” indivíduo sem objectivos. O carácter colectivo “social” não se encontra presente em tal ser e, no entanto, creio que este caminha mais perto da integração numa colectividade universal...

É aqui que entra, por exemplo, o meu dar, incondicionalmente. Livre de objectivos, livre do desejo de algo em troca, não coloco limites à realidade e deixo-a desenrolar-se de forma “correcta”, como é suposto. Há sempre uma medida de influência, claro, mas é diminuta e permite a verdadeira “ordem das coisas”.

Refiro, mais uma vez, que este indivíduo não poderia ser sem a Ética, pois tornar-se-ia, certamente, uma aberração. A representação física do caos, uma consciência que colocaria os seus esforços numa tentativa, inconsciente ou não, de desfazer a Ordem.

Esta existência é Caos, sim, mas é também Ordem, mas não desenvolverei tal tema, nesta altura, pois tal afastar-se-ia do meu objectivo actual (irónico, deveras)...

Compreenderão, de facto, uma limitação nesta ideia que expresso. Os objectivos são limites, meramente, físicos e mentais, pertencem à vida e, para lá da vida, há uma existência, essa experimentada pela alma que poderá então, ad eternum, expandir os seus limites para o infinito... Ainda assim, não chega sequer perto do infinito "ideal", tal estará vedado a tudo, menos a Deus, certamente.

Levantam-se os mais variados temas e pontos de discussão neste pequeno texto, mas creio que, hoje, não tenho cabeça para tentar abordá-los. Estou consciente da minha ambiguidade e faço por tocar as mais diferentes perspectivas, mas tal torna-se cansativo sem participação do “outro”.

Volto a fazer o convite: participem.

Digam apenas uma palavra, se vos aprouver, dêem-me algo, incondicionalmente, para que eu possa desenvolver estas ideias duma forma que ser-vos-á, certamente, mais íntima. Há um Universo inteiro à espera de ter de volta o que nos foi “emprestado”...

domingo, 28 de novembro de 2010

Autocracia


Se colmatarem o que seguidamente lerão com o meu pequeno texto sobre a “Democracia”, terão uma visão mais ampla do porquê de algumas considerações menos famosas ou populares que farei.

Sistema político autocrático, autoritário, tirânico e corrupto, cujas acções tendem sempre para a melhoria da condição do alto dirigente (e sub-classe de dirigentes), em detrimento da maioria ou Povo... Será?

Tivemos maus exemplos de autocracias (aliás, historicamente, são raros os casos felizes de Autocracias), mas não devemos colocar de parte este sistema político com base em tais exemplos. Se pretenderem ser justos, farão uma análise ideológica, e não apenas realista, deste sistema político, como o fariam com a Democracia.

Mesmo numa Autocracia, onde o poder se encontra centrado num indivíduo, existe a óbvia necessidade da criação de uma sub-classe de dirigentes cuja função é a organização e governo do Estado (nenhum indivíduo singular poderia fazer tal numa área de largas dimensões). Existe uma centralização e focalização do poder político? Sim, mas tal não implica o aparecimento de corrupção.

Nem toda a concentração de poder resulta em megalomania, prepotência e corrupção. Eu acredito, sinceramente, que um autocrata treinado, de forma altruística e responsável, para governar, teria melhores capacidades para impelir a justa e benéfica proliferação de uma Nação que uma classe de dirigentes políticos, como as presentes na modernas democracias.

O ser humano é e será sempre imperfeito, mas há, entre todos os indivíduos, aqueles que poderiam trazer prosperidade. Há indivíduos que, por razões que desconhecemos, são visionários e demonstram intelectos e capacidades de racionalização, que se encontram de tal forma fora dos parâmetros da maioria, que seriam geralmente incompreendidos e impedidos de dar a sua mui necessária contribuição.

O estado actual do Mundo, esta multitude de nações, conflitos e “diferenças” (ridículo!), é extraordinariamente impeditivo da progressão da nossa espécie.

Pelas ideias apresentadas neste texto e na “Democracia”, arriscar-me-ia a dizer que, se futuramente não houver a criação de um governo global autocrático, capaz de direccionar a espécie humana para novos rumos, a humanidade tenderá lentamente para a obliteração.
Se o cidadão comum é incapaz de diferenciar o que precisa do que quer, e escolhe, tendencialmente, o que quer, para ser assegurada a propagação da espécie, deveria ser controlado por quem tem uma visão mais alargada da “ordem das coisas”. Eticamente reprovável, este pensamento revolta-me, mas... Mas, não sei. Não sei se conseguiria escolher o destino de outros, mesmo que estes caminhassem para o seu fim, nem sei se conseguiria escolher o destino e viver com a minha escolha. Ambas as hipóteses têm grande valor, depende apenas de saber se um indivíduo seria capaz de sacrificar-se (talvez não fisicamente ou mentalmente, mas espiritualmente) ou não por uma espécie inteira.

Aconselho-vos a não tentarem responder a esta dúvida, não pode ninguém dar-lhe uma resposta correcta, nem creio que qualquer indivíduo obtenha ao longo da vida experiencia suficiente para fazer tais escolhas.

No fim de contas, a ambiguidade permanece... A Democracia não pode funcionar, a Autocracia pode funcionar, mas não deve... Ou, talvez, não deva apenas, sendo o dirigente uma consciência humana, isso é algo que dá que pensar.

Não faço defesa de qualquer sistema político, pois, como sabem, defendo a Anarquia. Não quis fazer mais que expôr pontos de vista, muitas vezes ignorados, sobre quer a Democracia, quer a Autocracia.

Creio que voltarei a abordar este tema.

Democracia

Este pequeno texto sobre a Democracia é aplicável quer à dita Democracia directa, quer à Democracia representativa e os vários regimes políticos em que se manifesta.

Sistema política idealista (mas, não são todos?) com uma vertente realista forte, conhecido como uma das melhores formas de organização política apresentadas até hoje... Será?

Considerem o seguinte:
Numa democracia, todos os indivíduos são tratados como iguais, têm os mesmos direitos e deveres e exercem a mesma medida de poder político.
Posto de tal forma, deveria ser bastante funcional e tender para resoluções unânimes e responsáveis de qualquer situação, no entanto, tal não se verifica.
Moralmente, todos os indivíduos devem ser tratados como iguais, tal não se verifica.
Legalmente, todos os indivíduos devem ser tratados como iguais, tal não se verifica.
Todo o indivíduo deveria ter as mesmas oportunidades de educação e acesso a infra-estruturas que os restantes, tal não se verifica.
Todo o indivíduo deveria ter os mesmos objectivos sociais e responsabilidades, tal não se verifica.

Poderia continuar durante horas e a conclusão permaneceria a seguinte: “tal não se verifica”.
A razão é simples, todos os indivíduos são diferentes uns dos outros. Devem ser tratados como iguais, sim, mas, para todos os efeitos e vistos de uma forma meramente corpórea e mental, todos são diferentes.
Mas, pior que isso, as decisões dos indivíduos deveriam ter sempre em conta o que precisam para um bom funcionamento social... O que verificamos é que o Homem não “precisa”, o Homem “quer”.

Um sistema político que tem como base a igualdade ds indivíduos e o seu racional comportamento não pode, em nenhuma altura, funcionar plenamente... Não nos nossos tempos, pelo menos. Quem sabe se tal mudará com o passar dos séculos (se ainda cá estivermos)?

Há uma razão para se chamar à Democracia a “Tirania do Povo”. O Povo não sabe o que precisa, sabe apenas o que quer e, quando as situações dão para o torto, culpabiliza todos menos o próprio. A culpa é dos “outros”: do Governo, das minorias, dos estrangeiros, nunca do Povo, que é quem exerce o verdadeiro poder político. Ridículo, certamente o verão.

A irresponsabilidade dos indivíduos, aliada a um sistema político cheio de falhas (talvez não tanto ideologicamente, mas realisticamente) culmina em sociedades que sobrevivem apenas com recurso a corrupção passiva e activa aos mais variados níveis (social, cultural, político, legal, moral, etc.).

Uma grande falha é, claramente, a Educação. (Para quem não sabe, considera-se, economicamente - não confundir com financeiramente, a Economia é a derradeira ciência social do valor das "coisas" -, que os dois grandes pilares do desenvolvimento são a qualificação da mão-de-obra - Educação – e a criação de infra-estruturas. E apenas nos casos em que existe aplicação simultânea destes pilares de desenvolvimento, tal ocorre.)
Lidamos com níveis extraordinários de desinformação, enviesamento e uma generalizada falta de objectividade ou interesse em melhorar a situação actual, o que permite a manutenção das democracias e, essencialmente, segue o lento caminho da estagnação. E estagnação, a longo prazo, iguala morte.

Como podemos esperar conseguir seja o que for se nunca colocamos mais que um empenho supérfluo em tudo o que sentimos, pensamos, dizemos e fazemos?
Podem refutá-lo, mas no vosso íntimo sabem que nada mais fazem que adaptar-se e conformar-se com o que têm.
Podem continuar a refutá-lo após o que anteriormente disse, mas fiquem a saber que os poucos que o fizerem são, como eu, a excepção à regra. E, numa democracia, a minoria não tem real impacto, pelo menos, por meios eticamente correctos.