terça-feira, 23 de novembro de 2010

Anarquia

Ao longo dos tempos, têm vindo a ser apresentados vários modelos de sociedade utópicos, todos eles, até prova em contrário, impossíveis de alcançar.
Entre todos esses modelos, geralmente abordados de um ponto de vista político e governamental, reconheço apenas um como a verdadeira utopia: a Anarquia (ausência de poder político centralizado e Governo).

Existe na ideologia anárquica, uma característica que considero crucial numa sociedade utópica... A total consciência, eticidade e responsabilidade do indivíduo, a certeza da sua posição na sociedade e na “ordem das coisas”.

As utopias capitalista e comunista têm algo que, pelo que antes expressei, considero uma falha. Essa falha chama-se Governo. Não me interpretem mal, nenhuma sociedade actual poderia existir sem uma dimensão política e governamental, pelo simples facto da necessidade de controlo.
Poderão então adivinhar o próximo passo na minha cadeira de pensamento: Porque razão é necessário controlo?

Errado! Essa não é a verdadeira questão. A verdadeira questão é a seguinte: Porque é o controlo exterior, em vez de interior?

(Abordarei, noutra altura, a temática do controlo e auto-controlo)

A razão é simples e, muitas vezes, já a expressei... O ser humano é incompleto, imperfeito, logo este controlo necessário à moralidade e ordem tem que ser “forçado” ou “imposto” por um órgão exterior, por uma consciência colectiva a que chamamos Governo. Notem que quando digo Governo, não falo apenas no “governo político e partidário (ou não)”, mas sim no governo de todas as coisas referentes ao ser social.

Notarão agora outro aspecto, referi o controlo como necessário à moralidade e não à eticidade... Porquê? Porque a eticidade é universal e absoluta e pode apenas partir do “indivíduo pleno”, a tal característica existente apenas na Anarquia.
Quanto à questão da eticidade versus moralidade, já conhecem, parcialmente, a minha visão do assunto. A moralidade é uma tranfiguração e corrupção da Ética, criada pela sociedade, e alimenta o ciclo vicioso que impede todos os seres de serem “todo”, de serem completos, de serem perfeitos. (Também o tema da moralidade versus eticidade será abordado em ocasião futura.)

Pode então alguém dizer, sinceramente, que a Anarquia não é a verdadeira e única utopia? Concretamente, não uma utopia, mas A Utopia.

Se fosse possível ao Homem caminhar nessa direcção... Ah, apenas nessa situação eu compreenderia e aceitaria a perpetuação e eterna expansão da Humanidade pelo Cosmos.
Até lá, manterei a visão do Homem como um ser parasita, egocêntrico e destructivo que não deve, nem pode nunca ser permitido a viver e existir sem os limites da mortalidade e efemeridade da espécie.

Não nos podemos permitir a imortalidade até ser alcançada a plenitude do indivíduo que é união-todo, eticidade absoluta, perfeição... Não poderá tal ser permitido até o indivíduo ser plenamente individual e colectivo, diria até, universal.

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