sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Conceptualização divina

Decidi abordar um tema complexo. Provavelmente, o mais complexo que qualquer ser humano pode abordar. Farei mais do que isso, tentarei introduzir uma ideia que, creio, nunca foi plenamente expressa... Já houve aproximações, mas não consegui nunca encontrá-la descrita desta forma. De todas as "estranhas" ideias que já me passaram pela mente, esta é talvez a mais difícil de colocar em palavras (mais ainda que a minha ideia sobre o aspecto auto-destructivo das sociedades).
O motivo pelo qual abordarei este tema prende-se com o seguinte: nunca referi esta estranha ideia a ninguém, excepto duas pessoas, ambas deveras especiais e importantes à minha existência, tão importantes que nem sei se de tal se apercebem... E, por não ser apologista do conceito de propriedade (excepto no que toca ao mínimo necessário à manutenção da vida... E aí existe, obviamente, uma ambiguidade na minha mente, com a qual não me conformo, e que não abordarei nesta altura), tratarei de expôr esta ideia a qualquer pessoa que tenha o tempo/interesse para a ler.
O tema que abordo é o seguinte: Deus. Vou mais longe, vou abordar este tema com o conceito de “irrealidade”. Espero que não comecem já a tomar conclusões precipitadas, não é meu intuito atacar religiões, seitas, cultos e espiritualidades (nem sequer filosofias de vida), longe de mim fazer tal, tenho um respeito profundíssimo pela mente de cada indivíduo! Aliás, não poderia sequer abordar este tema sem um estudo prévio das mais variadas religiões, seitas, e por aí fora.

(Deixo aqui também um pequeno ponto, eu acredito em Deus - relativamente óbvio, eu sei -, por isso isto poderá não fazer grande sentido ou ter grande interesse para quem é declaradamente ateu ou não tem interesse nesta área)

Um estudo, claramente, supérfluo, não o nego. Não sou louco ao ponto de dizer que conheço todas as abordagens ao divino, nem nunca cometeria tal falácia, mas, dentro dos meus limites, e tendo em conta que tenho apenas 22 anos, tentei estudar ao máximo detalhe estas diferentes abordagens a que consegui aceder, quer pela leitura de escrituras sagradas, conversação com practicantes, etc. e tentarei sempre estudar tais assuntos para melhor e maior ser a minha compreensão global da abordagem ao divino.

Para poder haver um compreensão razoável do que seguidamente expressarei, tem que haver uma certa operacionalização dos conceitos (que, como verão, é, logo à partida, extraordinariamente complicado, para não dizer impossível). Como Deus, aceitaria igualmente a ideia de: Universo, Cosmos, “Consciência colectiva de todas as coisas” (este conceito, em particular, vai muito de encontro ao que sinto sobre este tema), Natureza e muitas outras. Qualquer ideia que represente de alguma forma o transcendente, espiritual ou a presença de um entidade “superior” é aceitável, aos meus olhos. Aproveito para referir que, dada a complexidade do tema, empregarei sempre o termo “Deus” e cada um o deverá interpretar a seu gosto.
Quanto à “irrealidade”, há, de facto, um grande problema. Na tentativa de definir um conceito de algo que não tem conceito, estou a definir algo que existe... Logo, deixando de se referir a “irrealidade”... É um paradoxo que não tem uma forma correcta de se abordar e tentarei através de exemplos (mais uma vez, a afastar-me do “não-conceito” e “não-definição” do “não-existente” ou “irrealidade”...) passar a minha estranha ideia.

Nas várias abordagens ao divino, encontramos, primariamente, duas grandes ideias:
a) Deus é “senhor” sobre a vida e a morte;
b) Deus é “senhor” da realidade.

Quanto à primeira, digo já que a noto com um certo desagrado... A ideia de que apenas... algo vivo (ou póstumo) é do domínio divino é algo extremamente redutor. Apenas os seres vivos ou as suas almas como domínio de uma entidade omnipotente, omnipresente, etc., seria uma ideia extraordinariamente pequena do que não pode ser sequer conceptualizado e medido.
Quanto à segunda, embora já haja uma grande aproximação à ideia que ainda não expus, parece faltar ainda o aspecto da “irrealidade”... Um ser total, “senhor” de tudo parece já ser uma ideia “simples” ou “fácil” de aceitar. O tudo é tudo, não há motivos para dúvidas... Ou será que há? Senhor de todas as coisas, vivas, mortas e aquelas que não são nem uma nem outra, a meu ver havia ainda uma grande medida de “falta” ou “vazio” quanto a este conceito.

Introduzirei então a minha ideia: Deus tem domínio sobre a realidade e a “irrealidade”. No conceito de realidade introduzo tudo o que foi, é e será; tudo o que foi pensado (idealizado, para ser mais exacto), é pensado e será pensado; todo o conceito que foi, é e será. No conceito de “irrealidade” introduzo exactamente o oposto: tudo o que nunca foi, não é e nunca será; tudo o que nunca foi pensado, não é pensado e nunca será; todo o conceito que nunca existiu, não existe e nunca existirá.

Volto a referir que o simples facto de tentar definir “irrealidade”, retira-lhe a medida de “irreal”. Tentei apenas passar uma ideia extraordinariamente básica, já que não pode ser conceptualizada, e qualquer tentativa de a definir, além de fútil, é impossível, excepto a algo que tivesse domínio sobre tal. Está então concluída a apresentação da minha ideia, tem tanto de valor como não tem, não passa de uma tentativa objectiva de abordar algo subjectivo e vice-versa.

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