terça-feira, 30 de novembro de 2010

Evolução da Comunicação e a morte do contacto físico


Nesta era, nesta etapa da Humanidade, temos vindo a assistir a um desenvolvimento tecnológico exponencial, sem precedentes. Focar-me-ei no desenvolvimento da Comunicaçãp e nos impactos que tal poderá trazer (e, em muitos casos já trouxe) para a generalidade dos indivíduos.

A evolução da Comunicação é algo notável, sem sombra de dúvidas. A facilidade de acesso à mais variada informação e a possibilidade de comunicar com indivíduos, em qualquer ponto do globo, são apenas duas das grandes contribuições deste “boom” tecnológico. Mas, não posso deixar de pensar, serão estes aspectos apenas benéficos? Até há um par de centenas de anos, a falta de informação era preocupante e impedia os indivíduos de começar a conhecer e compreender o Mundo, mas, desde então, começou a assistir-se a um fenómeno contrário: o início da globalização e excesso de informação.

Este excesso de informação é preocupante por várias razões, sendo a mais importante a falta de controlo. O aparecimento de informação falsa e a proliferação de informação “irrelevante” pode não impedir o indivíduo de conhecer o Mundo, mas impede-o de o ver como é. É a alegoria da caverna moderna...

A exposição a informação chocante, imagens explícitas e temas preocupantes começa por criar um certo fascínio que, rapidamente, tende para a indiferença. Coisa terrível a indiferença! Antes ver o Mundo povoado apenas por ódio e malícia, que um Mundo completamente individualista e desinteressado por tudo, incluindo, eventualmente, o próprio.
Esta indiferença é o princípio da morte moral, da morte do ser social... Engraçado que, apesar de eu ser contra a moralidade e ser algo indiferente ao comportamento social, pela realização de que são coisas corruptas e eticamente incorrectas, reajo quase com horror abjeto perante a possibilidade da morte de ambos, sem extraordinárias bases éticas que sustentem o Homem.

Um tema tétrico, deveras preocupante. Mas, talvez eu me preocupe demasiado... No fim de contas, não estarei cá para assistir ao fim da humanidade. Tais problemas não me voltarão a atormentar...

Ah, como eu quase desejava que assim fosse, mas o coração verte perante a visão de um futuro sem o Homem... E, quando digo Homem, falo do Homem ético, uno com o Universo, não o Homem que hoje conhecemos e que parece degenerar continuamente :(

Mudando ligeiramente a abordagem ao tema, irei agora expressar o meu descontentamento perante outra característica da evolução da Comunicação:
Se, por um lado, temos maior facilidade de contacto com pessoas do Mundo inteiro, por outro parecemos ter uma tendência, cada vez maior, a tornarmo-nos isolados e destituídos de qualquer contacto físico. Irónico eu estar a escrever sobre este tema no blog, talvez? Nem por isso, di-lo-ia com a mesma facilidade e com o mesmo empenho frente a uma audiência, não me incomoda minimamente ;)

Esta falta de contacto físico parece-me tão... Pouco natural. Claramente, esta questão é muito influenciada pela cultura em que um indivíduo se insere, mas, ainda assim, acho estranho que o comportamento instintivo de tocar o próximo esteja de tal forma reprimido que, para todos os efeitos, começa a ocorrer o oposto e afastamo-nos dos outros. Isto é deveras preocupante. Sem contacto com o “outro”, o “eu” tem dificuldade em definir-se, falta a diferenciação... E o contacto físico não pode, nem deve, ser ignorado.

O Homem é corpo, mente e alma. Embora seja feita uma compartimentação e, geralmente, não seja visto como um todo, a verdade é que estes três “pilares” são indissociáveis!

Quando foi a última vez que procurarem esse toque, em vez de se esconderem por trás dos ecrãs de computador? MSN, Skype, Blogger e muitos outros... Escondidos por trás dos telemóveis, chamadas, sms e mms... Deverei continuar? Vejo, constantemente, frases como “Um dia combinamos qualquer coisa” ou “Temos que nos voltar a encontrar, tenho saudades” atiradas de um lado para o outro e... Nada...
Não vos incomoda? Eu sinto-me profundamente incomodado por tal... Não sei se será apenas o lento e inescapável alastrar do cinismo e hipocrisia pela sociedade ou se, pior que isso, as pessoas já não se importam e mantêm esta fachada social por força do hábito.

Algo tem de ser feito quanto a esta situação, se é que desejamos salvar a nossa humanidade, a nossa condição humana... Perguntem-se, sinceramente, desejam-no?
Não respondam levianamente, não dou qualquer valor a semelhantes respostas. Perguntem-se todos os dias, em todas as situações, quando surge a oportunidade de se aproximarem ao próximo, partilhar alguma felicidade, sentir algum toque físico, etc., perguntem-se nessa altura...

O Homem está a morrer, esteve sempre e estará, pelo menos, por mais algum tempo... E não me refiro ao corpo e à mente.

Ah, como eu desejo o toque, dá-lo e recebê-lo, incondicionalmente...

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