sábado, 4 de dezembro de 2010

Sofrer, aceitar

Sofrer é bom.
É das melhores experiências pelas quais podemos passar.
Relembra-nos que estamos vivos. Relembra-nos que procuramos uma existência, um propósito mais profundo.
Relembra-nos a injustiça e o mal do Mundo, por outras palavras, a nossa incapacidade de aceitar a realidade pelo que ela é.
Relembra-nos todos os erros passados, todos os erros que ainda estão para ser cometidos.
Relembra-nos que somos inferiores, iguais e superiores a todos os outros seres.
Sofrer relembra-nos que somos seres pequenos, efémeros, finitos e dá-nos uma maior consciência da vida.

Receias e preferirias renegar esse sofrimento, provavelmente, pois, fica sabendo, eu abraço-o. Define-me.

As coisas boas só o são porque temos algo com que as comparar: as coisas más. Umas não podem ser sem as outras. Aceita-as da mesma forma e terás um entendimento mais profundo da vida.
Não me contento apenas com o lado bom das coisas. Eu "quero" as coisas. As coisas são sempre, simultaneamente, boas e más.
Ninguém parece ser capaz de aceitar a realidade pela realidade, entendo-o, não me conformo.
Não devemos escolher, não temos tal direito, nada nesta realidade nos pertence para além da nossa e alma e, talvez (talvez!) os nossos corpos e as nossas mentes.

Claro que há mais pontos de vista, há uma infinidade de pontos de vista
Mas, eu faço por englobar todos no meu, de alguma forma. Procuro ver a realidade pelo que ela é. E a realidade é um conjunto de realidades subjectivas.
Faço mais que escolher o bom ou o mau ou o equilibrado ou seja o que for.
Procuro o real, o material e o imaterial.

O conceito de propriedade é dos piores males do ser humano.
A incapacidade de amar incondicionalmente é dos piores males do ser humano.
A incapacidade de aceitar a realidade pela realidade é dos piores males do ser humano.
A incapacidade de racionilazação máxima, máximo de objectividade na subjectividade e subjectividade na objectivadade é dos piores males do ser humano.
O ser humano é o seu próprio pior mal.

Podes esconder-te atrás de uma vida, de uma aparente felicidade, de uma vida "completa", mas não o é, nem nunca o será, porque somos incompletos ad eternum, somos maus ad eternum, falhamos ad eternum.
Somos loucos ao ponto de pensarmos que outro ser humano nos pertence, julgamos que o nosso trabalho intelectual nos pertence. Construímos uma vida à volta de moralidade e legalidade, afastando-nos da Ética.
Tudo isto são problemas a resolver. Tudo isto são problemas sem solução.

O ser humano deseja sempre mais...
Também isso é incorrecto.
Nenhum indivíduo deve desejar mais que aquilo que merece.
O que o faz, não está consciente da sua posição na ordem das coisas, não está consciente do seu lugar no Universo.
Esse indivíduo agirá continuamente para o Caos, mesmo sem o saber ou agir conscientemente. Devemos ser Ordem.

Por não merecermos e desejarmos, falhamos.
Da mesma forma que não desejarmos algo que merecemos é, também, um ponto a resolver. É a falta de aceitação.

Eu caminho, nesta altura, para essa extraordinária aceitação. Para o fim da distinção entre corpo, mente e alma. Para o fim da distinção entre sentir/pensar/agir.
Caminho em direcção à universalidade dos conceitos, regência da ética, aceitação da realidade e consciência de Deus. Não há quem me siga, mas faço por passar estas ideias.

Um dia, talvez, virão a perceber exactamente o que estou a expressar. Verão ainda que, nestas pequenas ideias, nestes pequenos passos que referi, começa uma aceitação universal que se traduz num amor por todas as coisas vivas e não-vivas.

1 comentário:

  1. Excelente post, tal como os restantes. Continua a escrever e a fazer temas tão profundos simples de entender. I love you, meu szdf preferido*

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